Tem cicatrizado
Hoje eu acordei e lembrei de nós. Na verdade, foi a brisa daquela praia deserta que me fez reviver alguns momentos. Tirei férias prolongadas esse ano, aquelas que você sempre insistiu. Me hospedei no hotel que passamos o primeiro fim de semana juntos e voltei a escrever o antigo livro.
Apaguei suas mensagens e tirei as fotos do mural também. Sim, eu ainda sinto sua falta. Mas já não faz sentido enfrentar o mundo sem reciprocidade.
Sentada vendo o quebrar das ondas, percebi que a gente só entende os tropeços e tombos da vida depois que tudo passa. Porque tudo sempre passa. E é aí que podemos olhar os joelhos marcados, as feridas já nem tão profundas, as cicatrizes menos visíveis e a chama nem tão acesa.
A ausência de lágrima nos olhos e o riso que passa a renascer nos lábios transmitem um ar de "tudo bem, já passou", que fica mais forte a cada caminho deixado para trás.
Sabe, demorou um tempo para cicatrizar. Aliás, acho que ainda não estou imune, mas a dor já não é tão forte, e a viagem me provou isso. Algumas marcas, de tão intensas, continuam trazendo algumas lembranças e eis aí a maior dor: a de ver que o coração ainda sangra.
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