Fonte

Ele vestia pólo rosa. A mesma camisa do nosso primeiro encontro, seria impossível esquecer.

Andava de um lado para o outro enquanto soltava pequenos sorrisos ao vento que me traziam à memória nosso despertar a cada manhã.

Ainda era o mesmo. Aquela barba por fazer e a mania de acariciar a própria nuca somente com três dedos.

Alto, nem forte e nem magro, postura ereta e os olhos cor de sorvete de caramelo. Com uma xícara na mão, que provavelmente continha chá de erva doce ou um café bem quente, estava sentado na mesma cadeira de sempre, onde nos encontrávamos depois do expediente para amenizar o estresse e ir para o nosso apartamento.
Aquele cheiro, o tom de voz serena e as manias que nunca deixei de admirar, ainda transmitiam toda aquela segurança.
Começou a tocar nossa música preferida, que embalou nosso primeiro beijo e descreveu todo o momento. Sim, "ainda bem que você vive comigo. Porque senão como seria essa vida? Sei lá, sei lá..."

Junto com Vanessa da Mata, eu comecei a cantar sem me preocupar com os carros ao lado ou sobre o que as pessoas poderiam pensar.
O sinal abriu, fui obrigada a continuar meu trajeto. Há tempos que eu não cantava e mais ainda que não te via. Mesmo de lá, do outro lado da rua, percebi que algo ainda me ligava a você e que nenhuma lembrança havia sido apagada. Te vi de longe, mas estavas tão perto.
Meu coração já havia aberto as portas para um novo amor, mas você continuou sendo a principal fonte de toda minha inspiração.