Café com rosquinhas (Parte 2)


Tomei banho e deixei a TV ligada no UFC alternando com o rádio que tocava Leoni e me deixava ainda mais nervoso.
Barba feita, perfume importado, calça, camisa e sapato. E no ar aquela pergunta: "Será que ela vai gostar?"
Cheguei com 15 minutos de antecedência e escolhi a melhor mesa. Pontualmente, lá estava ela. Com um vestido que realçava suas curvas e a deixava ao mesmo tempo com um ar de menina, fiquei encantado só de olhar.
Nossas risadas tomavam conta do lugar - Seria possível mesmo que alguém fosse tão perfeita?
Ela sabia coisas sobre o Planalto Central e a nova escalação do Barcelona, do carro mais vendido do ano e  da nova coleção de esmaltes da 'sei lá o quê', das próximas eleições e pra quem foi o Oscar de melhor filme.
Estava ficando tarde e fui levá-la em casa, no dia seguinte tinha apresentação de ballet numa escola carente.
- Chegamos. E... eu adorei a noite. - Disse enquanto ajeitava a bolsa.
Fui um idiota! Como a mulher por quem você está interessado diz isso e você responde com um simples:
- Eu também.
Me lembre de ser menos imbecil no próximo encontro e de que mulheres raramente falam algo sem esperar uma resposta parecida em troca.
Ela desceu e eu fui para casa. Para consertar meu erro, chamei-a para um passeio na manhã seguinte. No outro dia, fomos andar de barco; no outro, fomos almoçar fora; na semana seguinte fomos ao aniversário de um amigo dela que a ensinou tocar violão; conheci seu apartamento e seu gato também.
Os dias voaram e em pouco menos de 1 semana eu voltaria a minha rotina.
A chamei para um jantar lá em casa no sábado à noite, queria uma despedida especial para, quem sabe, conseguir conquistá-la e levá-la comigo. É, meu querido, homens apaixonados fazem qualquer coisa.
O relógio marcava 22h e nada dela.
Meia-noite e ela não apareceu.
No dia seguinte, enquanto colocava as malas no carro, avistei uma morena de longe. Era a minha morena.
- Roberto.
- Sim. - Eu disse sem dar atenção enquanto guardava as coisas.
- Desculpe por ontem, mas precisava lhe contar algo que ainda nem sei por onde começar... Lembra de quando lhe falei da proposta do Arthur e do telefonema que recebi essa semana?
- Sim, me lembro.
A partir dali meus pensamentos já começaram a se embaralhar e eu não sabia no que prestava atenção. Carolina havia recebido uma proposta de emprego na Itália e a viagem estava marcada para próxima semana. Eu sabia o quanto ela estava desejando isso, só não sabia que quando este dia chegasse nós estaríamos tão envolvidos. Ela continuou:
- Então, foi isso. Eu aceitei e embarco em dois dias. Não sabia como lhe dizer porque tudo aconteceu rápido demais, você chegou e me encantou rápido demais, nossas noites e nossas conversas, a viagem... Está tudo muito confuso pra mim.
O beijo que ela me deu caiu como um prédio de 20 andares que desmorona e eu já havia entendido o recado.
Peguei o carro e parti.
No fim das contas, acho que a vida é assim... Pessoas aparentemente banais se apaixonam por outras especiais e vice-versa. Todos sempre tem alguma coisa a oferecer. A "qualquer uma" caminhando na praia poderia ser a minha mulher maravilha, e não por uma brincadeira do destino não, mas porque é um presente da vida e todos nós merecemos.
Estava chegando na cidade enquanto colocava meus pensamentos em ordem, e agora tudo que eu peço, é que no próximo ano meu coração também resolva tirar férias comigo.

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