Jardinagem


Meu pai chamou o jardineiro nesta manhã. Ele foi cortando a grama e podando algumas árvores cujas folhas estavam muito velhas. Eu percebi que as árvores bem antigas e que não davam mais frutos e não proporcionavam tanta sombra, foram arrancadas de nosso quintal. Meu pai reclamava por sujarem o terreno na ventania ou durante o outono e nunca proporcionarem nada bom em troca. Podar já não estava adiantando, era necessário arrancá-las pela raiz.
Ver as árvores sendo arrancadas me fez lembrar das folhas velhas do quintal da minha alma. As dores, desilusões, pessoas que nunca acrescentam e outros momentos que já não produzem o frescor da sombra ou a beleza das flores no outono. Eles também estavam sendo arrancados, meu jardim estava sendo limpo e livre de raízes podres para que não contaminassem as demais.
Retirar árvores nem sempre é tão fácil assim. Elas podem deixar buracos, pequenos ou profundos, que dependem do quão grande era sua raiz. Mas podar ou arrancar é sempre necessário.
Eu quero ser livre do que não mais enfeita e muito menos acrescenta. Quero plantar sorrisos para nunca mais colher lágrimas... Espalhar amor para não ver nascer sementes de dor. 
Criar novos motivos para sorrir para que não haja outros para chorar.
Então, que seja assim. Ainda que fique buracos profundos das árvores retiradas, que seja feito. No lugar de uma que não produzia fruto, coloco mais terra e adubo. É continuar semeando e cuidando, vivendo e crendo que o amor e o tempo farão sua parte e transformarão o jardim do meu coração no melhor lugar para habitação.

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