Cicatrizes

Ontem, deitada em minha cama olhando a chuva cair pela janela, observei uma marca antiga no braço. Se me recordo bem, foi na infância, em uma das vezes que eu corria pela rua brincando com os coleguinhas daquelas coisas de subir no alto e deixar o pique com alguém. Tenho registros de que doeu muito, e deve ser esse o motivo da marca grande, se sangrou já não fez diferença, mas a prova do que aconteceu marcou fisicamente e com isso deixou vestígios na memória.
E mesmo depois que a gente cresce, continua quase sempre assim. A diferença é que algumas cicatrizes marcam mais por dentro do que por fora, podem não estar na carne mas selam o coração com lembranças que somente o tempo pode embaçar e guardar num baú onde não seja mais tão fácil achar.
As lágrimas da dor dão lugar ao aprendizado do caminho trilhado. E antes o que era sofrimento, hoje está arquivado. 
Nesse livro da vida nem sempre é fácil virar as páginas. Mas as marcas do capítulo anterior nos proporcionam capacidade de escrever uma nova história bem melhor. Essa coisa de deletar não é muito comigo, depois de avaliar tudo que passou e questionar minhas escolhas, prefiro manter o que contribuiu para o meu crescimento e usar o que não teve esse objetivo para dar aprendizado.
É claro que nem é tão fácil assim, mas os que são felizes são aqueles que tentam e que se colocam a disposição de sempre aprender algo novo e mudar tudo para chegar aonde querem.
Sejamos então como crianças, subir e correr podem ralar seus joelhos, mas cada vez que fazem isso adquirem uma habilidade maior e, no fim das contas, se tal atitude lhe deixam felizes no fim do dia, nunca se cansam de tentar mais uma vez na tarde seguinte.

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