Insegurança

Ontem meu sobrinho fez 2 meses e fui para a casa do meu cunhado comemorar. Família grande, sabe como é, os assuntos eram inúmeros e variavam desde quem ganhou a libertadores até em como iria ser a próxima reunião dos Araújo.
Sentei na varanda com minha prima do meio enquanto me contava sobre o novo namorado. A conversa estava extremamente agradável; Samanta sempre foi uma mulher admirável, destas com personalidade própria e que possuía uma doçura como nenhuma outra.
Enquanto comíamos um pedaço de torta, ela se ofereceu para pegar uma bebida.
- Prefiro suco, por favor. Já faz tempo que não bebo refrigerante. - Eu disse.
Quando voltou, me perguntou a respeito de como adquiri esse novo hábito, já que sempre fui fascinada por uma Coca-Cola bem gelada. Por alguns segundos me desliguei do mundo e lembrei-me do Pedro (quem ele foi, ou é, é uma longa história cujo tamanho não caberia aqui). Aquela indagação me trouxe à memória suas manias estranhas como as de evitar bebidas gaseificadas, de dormir sempre do lado contrário da cama, de fazer amor com meia nos pés, da estante repleta com livros de suspense e das mensagens que sempre me enviava às 3:47h. Eu só não sabia explicar como me marcara tão intensamente, como me fez enxergar os homens de uma forma diferente mas, principalmente, em como me ensinou a lidar com cada sentimento.
- Prima?
Num chamado de Samanta, retornei ao meu estado normal. Eu ainda estava ali, mas meus pensamentos haviam voltado no tempo.
- Uma amiga louca que me incentivou. Ela sempre cuidou muito do corpo e eu acabei pegando o hábito.
Não poderia dizer o motivo, não poderia demonstrar que o amor já me tocou e deixei-o ir. Ninguém entenderia, ninguém poderia saber que já fui amada intensamente mas fechei a porta para as tentativas.
É que estava indo tudo tão certo... Ser feliz para sempre? Só acredito nisso em contos de fadas. E, sabe, eu não tenho mais 10 anos de idade.

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