Doce descoberta

Hoje poderia ser mais um sábado comum, mas o frio me convidou para aproveitar da minha cama e da companhia de um bom livro.
A tentativa de ler foi em vão, o sorriso em meu rosto era evidente e aquele chocolate quente que descia por dentro do meu corpo só mantinha aquecido o que já estava.
Era a doce, envolvente e ardente paixão. Não leve a paixão relatada aqui como algo que acaba momentaneamente e sim como um sentimento tão intenso que não se é possível descrever.
Troquei então minha querida Martha por papel e lápis. Eis aí o mais novo conforto do meu coração.
Estou apaixonada... Apaixonada pelas letras, por ver que há algo em mim que toca o outro, que planta um sorriso no rosto de quem tanto já chorou naquele dia ou que derrama uma lágrima presa e faz sentimentos desabrocharem. Mas, no fim das contas, vejo uma mudança muito maior ocorrendo aqui dentro.
Ando percebendo que posso ser milhões e desde então já descobri duas de mim. Cálculos andarão com prosas; integrais, matrizes, forças, trabalho, esquadros, compassos e desenhos andarão com parágrafos, crases, classes gramaticais, pronomes, pontuações, rimas e concordâncias.
Se lá fora raramente alguém está satisfeito com o que tem, ainda não estou com o que sou. Mudanças são sempre bem vindas e não há nada mais satisfatório do que perceber que há algo melhor em nós esperando para ser explorado.
Hoje sou duas, espero que amanhã seja três, quatro... E quem sabe, até uma novamente, se descobrir que um desses lados ainda precisa ser lapidado.
Sabe, caro leitor, voltar atrás também é dar um passo à frente. Ainda bem.

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