Onze

Era quinta, às onze. Chovia mais dentro que fora de mim.
Era tudo bem comum. Os carros atravessando a pequena Avenida, o moço da carrocinha de pipoca com o gorro amarelinho, até a moça dos cabelos dourados debruçada sobre o peitoral da janela no segundo andar.
Mas hoje era um daqueles dias em que minha distração atinge o pico, como aqueles em que você não escondia o sorriso no canto da boca ao ver cada gesto meu. E são nesses dias que o acaso me envolve, me acalma, te encontra, nos reencontra.
Doce. Era assim seu cheiro e voz.
Suave. Cada palavra e gesto teu.
Naquela minha mania de não levar bolsa em certos lugares, estava desprevenida para a virada do tempo. Foi aí que seu perfume penetrou na minha pele e trouxe de volta minhas memórias armazenadas no baú das antigas estações.
Seu toque e esse teu jeito de me olhar nos olhos como ninguém jamais olhou, me fez refletir.
Sabe, amor. Eu tenho milhares de motivos para deixar o tempo levar-te completamente, mas eu tenho onze, exatamente onze, para lhe deixar ficar. 
Hoje eu resolvi não seguir meus princípios matemáticos, esquecer das probabilidades. As regras desse amor são nossas, o amor é nosso, você é meu e eu... eu ainda sou tua.
Então, vem. Fica e traz toda aquela felicidade, todo aquele sorriso nos meus lábios novamente. 
Vem pincelar meus dias com aquelas cores que só você sabe dar. Quero perder-me no calor dos teus braços, quero mergulhar novamente na intensidade desse teu amor e mostrar para o mundo inteiro, que toda nossa história, vai além de qualquer generalização.

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